Prefeitura promove oficina de grafite para crianças e adolescentes 

Prefeitura promove oficina de grafite para crianças e adolescentes 

Diferente da pichação, prática ilegal por danificar o patrimônio público, o grafite é considerado uma linguagem artística que valoriza espaços e carrega consigo uma crítica social. Essa nova experiência pôde ser vivenciada por crianças e adolescentes moradores dos bairros Santa Maria e 17 de Março, que participaram da “Oficina de Grafite na Praça”, a partir da qual puderam praticar a arte na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Doutor José Calumby Filho, no 17 de Março, nesta quinta-feira, 24.

Promovido pela Prefeitura de Aracaju, por meio do Projeto de Trabalho Social (PTS), acompanhado e monitorado pela Coordenação da Área Social (UCP), da Secretaria Municipal da Assistência Social, a atividade integra as ações socioeducativas com as comunidades beneficiadas com as obras locais do “Programa de Requalificação Urbana da Região Oeste de Aracaju – Construindo para o Futuro”, a partir do qual o Município está executando um conjunto de obras com recursos do financiamento superior a R$ 420 milhões, viabilizado junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Durante dois dias, os meninos e meninas, de 8 a 17 anos de idade, participaram das aulas teóricas e práticas da oficina, com carga horária de seis horas, na qual aprenderam sobre a história do grafite, da arte e da não pichação, depredação do equipamento público. O objetivo é possibilitar a valorização da arte em espaços públicos.

De acordo com a coordenadora do PTS, Renata Góis, a oficina corresponde à educação ambiental e patrimonial, um dos eixos trabalhados pelo Projeto que aborda temáticas ligadas ao meio ambiente, sustentabilidade, qualificação profissional, geração de renda, preservação e conservação do patrimônio público em oficinas, cursos de capacitação profissional, workshops, palestras, eventos culturais e esportivos, executados paralelamente à execução das obras do Programa Construindo para o Futuro.

“Sabemos que é uma prática fazer pichações em muros de escolas, postos de saúde ou estabelecimentos. Tivemos a ideia de desenvolver essa atividade porque eles já receberam e ainda receberão uma gama de equipamentos sociais e urbanos que precisam ser zelados e valorizados”, destacou Renata.

O artista grafiteiro João Hermes Gonçalves, mais conhecido como “Rizo”, possui diversas artes espalhadas pela capital sergipana. Ele atuou como facilitador da Oficina, profissional responsável por ministrar a aula teórica e prática. Segundo ele, a grafia existe desde a época da pré-história com as pinturas rupestres feitas pelos hominídeos nas cavernas.

“Abordamos sobre a história do grafite, o significado do termo. A arte chegou ao Brasil entre os anos 80 e 90 e em Aracaju por volta dos anos 2000, quando passamos a ver as técnicas do grafite nas ruas e a expressão da sociedade em forma de arte. O grafite consegue retratar a realidade das comunidades carentes. Todos se mostraram bastante curiosos, com vontade de aprender”, contou.

Além da prática, também foi oferecido lanches aos participantes. A ação contou com a parceria da Emei Doutor José Calumby Filho, cuja diretora, Mayra Araújo, recebeu a equipe do PTS e aprovou a proposta junto ao Conselho Municipal de Educação (Consea) e professores da unidade.

“Achamos muito gratificante a oportunidade porque são crianças e jovens dos bairros, os quais, provavelmente, muitos deles já passaram pela [Emei] Calumby. O muro é deles, é nosso. Conversamos com os professores para que nossos alunos tenham um momento dentro da rotina escolar de passar pelo muro e observar as artes já feitas. Um momento ímpar”, frisou.

A estudante Victória Gabrielly Santos, moradora do 17 de Março, é apaixonada pela arte e não perdeu a oportunidade para aperfeiçoar seus desenhos. “Tinha acabado de chegar da escola quando minha mãe me disse sobre a oficina. Eu me tranco no quarto para ficar desenhando porque amo fazer isso. Achei muito divertido. Fiz algumas desenhos ao lado do meu primo e todos gostaram”, disse.

Pela primeira vez, o autônomo Micael Ferreira, também morador do 17 de Março, teve contato com o grafite. “Achei muito legal essa iniciativa. Todos reunidos, se expressando da sua maneira. Nós, jovens, e as crianças, somos o futuro. Precisamos de mais oportunidades como essas para termos um mundo melhor”, refletiu.